Reparos do Manguito Rotador: Fatores que Influenciam o Sucesso Cirúrgico
O reparo do manguito rotador é um dos procedimentos mais realizados na cirurgia do ombro, indicado principalmente em casos de ruptura tendínea que comprometem a função e causam dor persistente. Embora a técnica e os recursos disponíveis tenham evoluído significativamente, o sucesso cirúrgico depende de múltiplos fatores que precisam ser considerados no planejamento e na execução do procedimento.
- Qualidade tendínea
A integridade e a qualidade do tecido tendíneo estão diretamente relacionadas ao potencial de cicatrização. Tendões com boa vascularização e mínima degeneração tendem a apresentar resultados superiores no pós-operatório.
Já tendões com degeneração avançada, fibrose ou infiltração gordurosa — frequentemente avaliados por exames de imagem e pela classificação de Goutallier — apresentam maiores desafios técnicos e risco de falha na reparação.
- Tempo desde a lesão
O intervalo entre a ruptura e a cirurgia é um dos determinantes mais relevantes para o resultado. Lesões agudas, tratadas precocemente, geralmente apresentam menor retração tendínea e melhor qualidade muscular.
Lesões crônicas, por outro lado, podem levar a retração significativa e degeneração muscular irreversível, exigindo técnicas mais complexas e impactando o prognóstico.
- Técnica cirúrgica
A escolha da abordagem — artroscópica, aberta ou combinada — depende do tipo, extensão e retração da lesão. A artroscopia oferece menor agressão tecidual, melhor visualização das estruturas e recuperação mais rápida, sendo a escolha na maioria dos casos.
Em lesões complexas, abordagens abertas ou mistas podem ser necessárias para permitir reparos anatômicos seguros.
Independentemente da via, a fixação adequada do tendão à tuberosidade é essencial para estabilidade mecânica e cicatrização biológica.
- Reabilitação pós-operatória
O sucesso do reparo do manguito não se encerra na sala de cirurgia. A reabilitação é determinante para restaurar mobilidade, força e função. Protocolos devem ser individualizados, respeitando as fases de cicatrização biológica:
- Imobilização inicial: proteção do reparo;
- Mobilização passiva progressiva: prevenção de rigidez;
- Fortalecimento gradual: recuperação da força e controle motor.
A adesão do paciente ao protocolo fisioterapêutico é um dos fatores mais importantes para evitar complicações e recidivas.