Por que a dor no ombro e no cotovelo piora durante o inverno?
Durante os meses de inverno, é comum que pacientes com histórico de lesões ortopédicas relatem aumento da dor, rigidez e desconforto nas articulações, especialmente em regiões como ombro e cotovelo. Embora muitas vezes interpretada como uma simples “sensação” causada pelo frio, essa piora tem base fisiológica e comportamental bem documentada.
A seguir, explicamos os principais fatores que justificam o agravamento da dor articular nessa estação.
- Redução da lubrificação articular e aumento da rigidez
Com a queda de temperatura, ocorre uma tendência natural à contração involuntária da musculatura e à diminuição da viscosidade do líquido sinovial, responsável por lubrificar as articulações. Isso impacta negativamente a mobilidade e aumenta a sensação de rigidez — especialmente em articulações previamente comprometidas, como nos casos de artrose, tendinopatias ou pós-operatórios.
A rigidez articular induzida pelo frio leva à sobrecarga de estruturas adjacentes, como tendões e bursas, potencializando microlesões e desconfortos.
- Agravamento de processos inflamatórios crônicos
Pacientes com quadros como tendinite do manguito rotador, epicondilite lateral ou bursite subacromial frequentemente relatam piora dos sintomas no inverno. Isso ocorre porque o frio gera vasoconstrição periférica, reduz o aporte sanguíneo local e dificulta a resolução de processos inflamatórios de baixo grau.
Além disso, há uma maior sensibilização dos receptores periféricos da dor (nociceptores), o que aumenta a percepção dolorosa diante de estímulos que seriam bem tolerados em outras condições.
- Sedentarismo e posturas inadequadas
As baixas temperaturas tendem a reduzir a prática de atividade física e aumentar o tempo em repouso, muitas vezes em posições de conforto postural inadequadas. A inatividade favorece o enfraquecimento muscular, a perda de mobilidade articular e o encurtamento de cadeias musculares, o que, por sua vez, intensifica quadros dolorosos já existentes.
Em pacientes em reabilitação pós-cirúrgica ou conservadora, essa interrupção na rotina de exercícios pode representar retrocessos importantes.
- Lesões prévias e o “alerta do corpo”
Lesões ortopédicas, mesmo após tratamento bem-sucedido, podem deixar estruturas sensibilizadas. O frio atua como um estímulo adicional para esse sistema “em alerta”, resultando em dor mesmo na ausência de novos traumas. Esse mecanismo é comum em casos de artrose glenoumeral, rupturas antigas do manguito rotador ou cirurgias prévias no cotovelo.
Como prevenir e controlar a dor no inverno?
Algumas medidas simples podem atenuar o impacto do frio sobre as articulações:
- Realizar aquecimento adequado antes da atividade física;
- Manter a regularidade nos exercícios, mesmo em ambiente fechado;
- Evitar posturas mantidas por longos períodos (ex: frente ao computador);
- Utilizar roupas térmicas que preservem a região dos ombros;
- Procurar orientação médica diante da piora dos sintomas.
Em casos mais complexos ou persistentes, o acompanhamento ortopédico especializado é essencial para investigar possíveis recidivas ou evolução do quadro clínico.